NEGRA CONSCIÊNCIA, BRANCO RECONHECIMENTO

Esse
ano o diretor de teatro e ativista cultural Chico Nascimento trouxe convidados como o Afrodance de Ibirapitanga, a Tribo Timbalando do Distrito de Camamuzinho/Ibirapitanga e Ubatambor de Ubatã para abrilhantar o evento e dar mais graciosidade
ainda. De Valença fizeram parte do cortejo a Cia de Dança Moviments, os bois
folclóricos, Estrela e de Ouro, e grupos de capoeira. Estiveram presentes a
Coordenadora geral do NER6, professora Flordolina, a diretora de Cultura, Edna
Xavier, a presidente do Conselho de Cultura Janete Vomeri e o Secretário da
Juventude Zai Pereira.

No
Brasil esse ano se discute o lugar do negro na sociedade sob a visão da minoria
branca ou quase branca, a qual se acha superior, e mesmo sabendo de sua
condição mediana enquanto pessoa, se mede pelo tom da pele. Na visão dos poucos
brancos brasileiros ou quase brancos, ou mesmo os quase pretos, uma moça branca
limpando uma casa é uma dona de casa dando um trato no seu imóvel; enquanto uma
negra é faxineira. Para essas pessoas um negro de paletó é segurança e o branco
advogado. Um negro todo arrumado pode ser um traficante, enquanto um branco é
uma pessoa bem sucedida. Existe, inclusive uma afirmação entre os quase brancos
de que o negro tem preconceito consigo mesmo por aceitar uma cota estudantil e
ameaçar o branco a ficar sem sua vaga na universidade. “Que mentira danada”
como falou o Gilberto Gil.
O
dia 20 de novembro na verdade, foi consagrado a Zumbi, um dos maiores lutadores
pela liberdade e respeito às pessoas de cor negra e que foi morto pelos brancos
para garantir a inferiorização da nossa etnia. O Brasil foi o último país a
abolir a escravatura e brasileiros clarinhos ainda pensam que os afrodescendentes são escravos e precisam de
suas concessões para existir, por isso foi preciso se criar cotas para os
negros conseguirem atingir um nivel superior, trabalhar em lojas de shoppings,
trabalhar nas novelas em papeis que não fossem os de escravos, mesmo assim, os
núcleos negros das novelas quase sempre são de comunidades com culturas fechadas,
ou mais pobres, Não me lembro de ter visto nenhum negro no papel de milionário
na tv.

Consciência
negra deveria ser uma caminhada realizada pelos brancos, para que eles
entendessem que ser negro não é demérito, ser estúpido sim. Na atualidade, a moda
é atacar negros pelas redes sociais e nem as celebridades escapam da fúria dos
quase brancos no Brasil, mas o que é preciso para os agressores entenderem que
não há diferença entre pessoas? Que o trabalho do negro tem o mesmo valor que o do
branco? Que a vitalidade do branco é igual a do negro? Que ambas as cores
envelhecem e falecem? Que ambas as etnias nascem com o mesmo status de comportamento? Que
brancos e pretos precisam se alimentar para ter forças? Onde está a
superioridade do grupo social mais
claro?
20
de novembro é dia de reflexão, dia de lembrar quantos negros morreram atravessando
os mares nos porões dos navios negreiros; quantos negros foram separados de
suas famílias, vendidos como se fossem animais; quantos negros sofreram nos
troncos passando fome e sede; quantos negros fugiram do seus senhores,
iniciando a luta pela liberdade; é dia de lembrar o lugar reservado para os
negros na sociedade, cobrar respeito e igualdade entre os brasileiros.
Em
2017, na décima edição da caminhada da Consciência Negra em Valença, espero
ver esse diálogo nas ruas, espero ver um
grupo étnico se colocando e chamando atenção para sua dignidade. Espero ver
pessoas brancas, não apenas aplaudindo a arte e a cultura dos negros, mas enxergando
os negros como pessoas iguais em todos os aspectos.
G A L E R I A D E F O T O S
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