Wagner Barreto "DISPAROU" e levou o The Voice Kids 1ª edição



“Prepare o seu coração, pras coisas que eu vou contar, eu venho lá do sertão, eu venho lá do sertão, eu venho lá do sertão e posso não lhe agradar”. (Disparada -  Geraldo Vandré e Théo de Barros).
Essa linda canção deu ao Jair Rodrigues, então estreante para o grande público brasileiro em 1966, no festival de musica popular brasileira da  tv Record, o título de melhor cantor e consequentemente a canção vencedora. Música genuinamente brasileira, falando em parábolas sobre o comportamento do povo em tempos de Ditadura Militar. Na letra dessa canção tem um alento que mostra bem o Brasil e o povo diante das dificuldades de se expressar perante a manipulação e dureza das Forças Armadas na Época. Nada estranho para a atualidade.
Hoje, cinquenta anos depois um guri que chegou à primeira edição The Voice Kids totalmente desconhecido pela maioria absoluta dos brasileiros sobe num palco e repete o feito do Jair Rodrigues. Wagner Barreto cantou “Disparada” magistralmente, me deixando arrepiada, ali comecei a pensar, “esse menino vai ser o campeão” e quando ele cantou com seus treinadores, então, não tive dúvidas, a generosidade da dupla para com ele dizia tudo, ele seria a preferência nacional no dia de hoje. “Disparada” é uma canção para bons cantores e a dupla Vitor & Léo perceberam que ali existia um excelente cantor, lançou o desafio e ele aceitou. Ganhamos nós, o público brasileiro, pois não é sempre que temos a oportunidade de assistirmos alguém cantado “Disparada” com tanta competência.
Ao acompanhar a estreia do The Voice Kids, mesmo sem entender profundamente de música, mas com bons ouvidos e intuição musical, sofri muito, pois havia talentos inegáveis e que foram ficando pela estrada. Torcia por todos, porque eram crianças e eu adoro crianças. Todavia tinha o meu preferido, o Robert Lucas, ele é do meu lugar, mas era dificil, muito talento para ir afunilando, fui percebendo as fraquezas de alguns, como foi o caso do Robert Lucas e me conformando com suas saídas, passei a torcer pela Luna Bandeira como segunda opção e ela também foi embora. Desisti e passei ao status de mera observadora, assim foi minha visão final, sentar e assistir.
Ah essa semi final foi conturbada, Ivete foi xingada, e nem falo de mim, que se  desse bobeira tomaria umas bolachas dos fãs valencianos do Robert Lucas. Mas, hoje estava eu lá firme para assistir ao The Voice mais uma vez e conhecer o vencedor, a bonequinha  (Rafa) loura, me fez chorar, a Pérola brilhou mais uma vez, e o Wagner, esse mostrou como se faz um cantor de verdade. Assim como fez o Jair Rodrigues em 1966, o garoto soltou sua voz e encantou o público, como diria a Ivete Sangalo, “lacrou !!!” no sentido de cantar com a alma e conquistar maioria absoluta dos votos (66%), parece que o brasileiro gosta de coisa boa, ouve as ruins por diversão.
Essa primeira edição do The Voice Kids, mostrou para nós brasileiros como é difícil ser julgador de criança; como é difícil fazer parte de uma comunidade torcedora; como um artista pode ser mal visto por fazer escolhas certas, até como jornalistas podem sofrer represálias por falar o que algumas pessoas não desejam ler. Enfim, esse The Voice além de vitrine e lugar de projeção para todos os participantes, também nos fez conhecer a generosidade de artistas como Victor & Léo e o conhecimento técnico de uma cantora que todos nós, às vezes, pensamos só saber interpretar canções no palco, a Ivete.
O The Voice kids versão nº 01 trouxe para mim, a alegria de ouvir belas canções de MPB trazidas por todos os treinadores, mas acima de tudo a pureza de um repertório genuinamente brasileiro colocado em pauta pela dupla sertaneja. Wagner não será obrigado a cantar sertanejo, tampouco apenas MPB, todavia, uma coisa é certa ele saiu desse concurso com uma completude grandiosa e um conhecimento bem mais apurado. Venceu desafios, virou campeão e espero que tenha sucesso em sua trajetória, assim como todos os outros. “Se você não concordar, não posso me desculpar, Não canto prá enganar, vou pegar minha viola,Vou deixar você de lado, vou cantar noutro lugar” (Geraldo Vandré e Théo de Barros - Disparada).

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