Orquestra Sinfônica: o clássico e o popular viajando pela Bahia
O Pensador grego
Heráclito disse: “ninguém pode entrar
duas vezes no mesmo rio”, ah como isso é verdadeiro! Pois nunca assistir aos
concertos da Orquestra sinfônica da Bahia (OSBA) duas vezes. A cada concerto
uma aura diferente, um modo de sentir diferente, um comportamento único.
Neste final de semana
mais uma vez única me encontrei com a OSBA! Quanta emoção, a mágica de
transformar o ambiente mais diverso e mais maluco de acordo com a visão musical
do espectador, em erudito ou clássico é simples, o ato de silenciar sem nenhuma
interferência para viajar no tempo e visitar os grandes autores da época clássica
parece mágica. Silêncio profundo, aplausos constantes e ouvidos bem apurados
para ouvir tudo de belo, delicado e “velho”.
Quem disse que o
“velho” não é valorizado, quem disse que o clássico se refere apenas a um
período da história? Na música o período clássico é justamente a chegada da
modernidade no mundo. O século de 1700 (XVIII) em sua segunda metade revelou ao
mundo nomes como Franz Joseph Haydn; Wolfgang Amadeus Mozart e Ludwig van
Beethoven. Cada um com sua música contribuiu muito para a criação de um
histórico musical a partir de suas particularidades as quais formaram as sinfonias,
tudo começou com a sonata para piano, a música de câmara, o quarteto de cordas e
assim por diante. E dessa musicalidade criativa surgiram as grandes orquestras.
Como grande
orquestra se classifica a OSBA, como grandes músicos se classificam os seus componentes
e como clássica a música tocada por eles. E nós os espectadores como bons
ouvintes que somos, paramos entramos em estado de êxtase e deixamos a velha música
passear pelos nossos ouvidos e penetrar em nossas almas. Aproveitamos as raras
oportunidades para desfrutar da transcendentalidade musical e mergulhar no
mundo mágico da criatividade romântica e do puro sentimento musical do mundo
clássico/moderno.
Sempre que assisto
a OSBA tocar mergulho na literatura e já encontro de cara o Beethoven e sua
surdez genial; Mozart e sua genialidade infantil. Isso sem falar nos mais jovens como Igor Stravinski e Maurice Ravel com seu encantador Bolero. Mas
nem só de clássicos europeus vivem os espectadores, e a OSBA trouxe clássicos
brasileiros inesquecíveis. Claro, o Brasil também tem seus clássicos e Vilas
Lobos é rei por aqui. Foram tocados também outros brasileiros pouco conhecidos
por nós os desconhecedores dos músicos clássicos brasileiros, contudo, todos
conheciam os artistas populares tocados pela OSBA em seu final de espetáculo. Quando
o maestro anunciou, pensei que fosse tocar o Caetano Veloso, o Gilberto Gil ou
o Tom Jobim e inacreditavelmente eu retruquei, “será que vai tocar a Pablo
Vittar? Mas se tocar tudo bem, ela é ótima”. E eis que o maestro anunciou: Beyoncé,
Pablo Vittar e Anitta, uau! Inacreditável a OSBA toca a Pablo Vittar! Foi muito
bom.
A musica não tem
fronteira, tampouco preconceito, música é tudo de bom e passa a mensagem em
suas várias linguagens, por isso o concerto da OSBA que assistir essa semana foi
simplesmente maravilhoso e sei muito bem que nunca mais verei a Orquestra Sinfônica
da Bahia tocando daquela forma. Pois se cada dia o rio é diferente e as pessoas
também, certamente no próximo concerto verei uma OSBA diferente e quiçá as
mesmas canções completamente ineditas.
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