PATRIMÔNIO FERIDO
Todo
mundo sabe em Valença que sou uma defensora ferrenha do Teatro Municipal,
primeiro por sua história de vida, posto que ele é um dos primeiros teatros da Bahia. Depois, por sua representatividade em nossa história. Nas nossas
buscas conseguimos localizar apenas dois teatros antes dele, sendo eles: o
Teatro São João, construido na Praça Castro Alves em Salvador em 1806, e o
Teatro São Carlos em Rio de Contas construído
no ano de 1892. Existem falas sobre outros dois teatros na Bahia do século XIX
e XX, mas ainda não conseguimos encontrá-los.
Entre
esses três teatros citados, o primeiro foi se transformando no decorrer do tempo
e se descaracterizou totalmente, passando a ser séde da Secretaria de
Agricultura da Bahia, e em 1970 o patrimônio público foi doado por ACM para a Federação Baiana de Futebol onde
funciona atualmente o Palácio dos Esportes. O Teatro São Carlos teve mais
sorte, o município conseguiu seu restauro completo e tombamento pelo IPHAN, o
teatro e uma Igreja foram entregues à população de Rio de Contas em 2014.
E
nosso Teatro Municipal, como vai se acabar? Porque abandonado ele já está.
Nossa luta é grande e já está maior de idade, entra prefeito, sai prefeito e
ninguém nos ouve, nem olha para o Teatro, parece que estão esperando um
milagre. Mas milagres são difíceis até para quem acredita muito. Nosso Teatro
Municipal está deixado de lado como acontece com muitos idosos, mas porque ele
é idoso, ou porque a cultura é vista como não necessariamente necessária? E o
patrimônio em que lugar se encontra? Acho que os governantes nem sabem o que é
patrimônio, também não se percebem como parte da história do seu lugar, por que
caso se percebessem certamente se importariam com a manutenção de sua história.
Ou, nem sabem o significado de fazer
parte da história. E nesse não conhecer, entregam o patrimônio para uma pessoa
leiga sem orientá-la dos cuidados que precisam ser tomados com o patrimônio
para garantir sua integridade.
Dessa
forma aconteceu em Valença com nosso Teatro Municipal. Hoje, 10 de junho de
2015, as portas do Teatro amanheceram com seus arabescos no chão. Retiraram
tudo, feriram a fachada de um patrimônio cultural e histórico que é a beleza da
Praça da República. Quem é culpado por isso? A administração pública, pois foi
ela que colocou ali um funcionário contratado sem lhe treinar para preservar o
bem publico e histórico. O funcionário sem noção do valor patrimonial, mas preocupado
em que os arabescos muito gastos pelo tempo caíssem sobre um passante fez a
retirada dos mesmos deixando a fachada “ferida”.
Até
entendo a preocupação dele, porém como artista e historiadora que preza pelo
patrimônio histórico e cultural não tenho nada a ver com o erro ou boas
intenções do funcionário. Eu e a população de Valença queremos os arabescos
RESTAURADOS. Porque independente da falta de conhecimento do funcionário, a
prefeitura responde pelos atos de seus contratados. Para além da
responsabilidade, a Prefeita Jucelia prometeu por duas vezes em público que
iria restaurar o Teatro Municipal para entregá-lo à população de Valença. Então
prefeita, aproveita a oportunidade e já faz o serviço por completo.
É
válido informar que todas as secretarias envolvidas já têm conhecimento do
fato, assim como a prefeita, o Ministério Público já está agendado para o
registro de queixa por crime de dano ao patrimônio publico e nós do Conselho de
Cultura de Valença estamos de olho.
Jun. 2015
FONTES:
www.chiquitinha maravilha.blogspot.com
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