AYRTON SENNA: 20 ANOS DE AUSÊNCIA DOS DOMINGOS AZUIS
Primeiro
de maio. Alguém se lembra de onde estava e o que fazia no dia 1º de maio de
1994? E o que significa esse dia para os brasileiros, bem para nós brasileiros
apenas o dia internacional do trabalhador, mas quem morreu mesmo foram os seis
americanos e mais 50 ficaram feridos em Boston, por estarem participando de uma
manifestação em busca de direitos trabalhistas.
Mas
não é sobre isso que estamos falando, você lembra o que fazia na manhã de 1º de
maio de 1994? Eu me lembro como se fosse hoje, 20 anos depois. Estava na frente
da tv, vendo mais uma corrida pelo campeonato mundial de fórmula 1. Na tarde
anterior já havia falecido Roland Ratzenberger, piloto austríaco de apenas 33
anos de idade e o clima no circuito era uma tristeza só. Chovia muito em Ímola
e eu, em frente à minha tv rezava enquanto o saft car controlava a corrida, mas tinha uma
esperança, “o Ayrton é peixinho na água, vai dar tudo certo”. Após muita
preocupação o saft car liberou a pista e eu, mais uma vez rezei para que
ninguém mais se machucasse. Estava tudo bem. Levantei-me um pouquinho e fui até
a cozinha...
De
lá ouvi um grito “bateu! morreu!”. Meu coração disparou e eu gritei Ayrton! Saí
correndo e antes que meu marido respondesse, pude ver o carro azul e branco
atravessado ao lado da pista, muito atenta aos movimentos percebi a cabeça do
Ayrton tombar, o Galvão Bueno mostrava claramente sua preocupação com amigo
Senna e a corrida terminou no automático, não sei quem venceu naquele dia, sei
apenas que não consegui fazer mais nada. Fiquei ali plantada na frente da tv,
sabia que meu piloto estava morto, apenas esperava que a televisão anunciasse
oficialmente a sua passagem para o outro lado, o que aconteceu por volta das
15h. Chorei muito, fiquei em estado de choque, chorava no trabalho, na rua, em
qualquer lugar, fiquei assim por seis meses até que o sentimento de perda se
tornou saudade e o homem se firmou como mito, eu me transformei em admiradora
eterna de uma pessoa muito carismática e
muito brasileira.
O
Ayrton é o maior campeão de todos os tempos. O considero assim porque se
estivesse vivo teria com certeza sete ou oito títulos de mundial de fórmula 1.
Campeão nas atitudes, campeão na coragem, na elegância e principalmente na
valentia. Valentia de enfrentar obstáculos e vencer, de dar a cara no momento
necessário, de fazer o que gostava, e se permitir alcançar os sonhos através da
superação das dificuldades, como fez ao largar o Brasil e ir para a Inglaterra
se engajar na formula 3 que o içou para a formula 1. Primeiro piloto jovem a se
ser tricampeão mundial de formula 1 , Ayrton quebrou paradigmas e escreveu seu
nome entre as maiores estrelas do esporte que escolheu para viver e morrer.
Hoje,
primeiro de maio de 2014, vinte anos depois de morto, Ayrton Senna da Silva
ainda é o terceiro piloto na história da
Fórmula 1 com maior numero de vitórias
(41); com 80 pódios e 614 pontos. Michael Schumacher e Alain Prost estão antes dele, porque não
puderam mais concorrer para perder títulos para Ayrton. Na Itália, no circuito
de Ímola (Dino e Enzo Ferrari),
inicia-se a partir de hoje, uma programação de quatro dias para marcar o
desaparecimento do Ayrton Senna, essa cerimônia inclui inauguração de um busto
de Ayrton, conferência sobre segurança na formula 1, corridas na pista com os
automóveis particulares, uma missa e cerimônia oficial na curva Tamburello. No
Brasil a homenagem radical, como ele sempre foi, está sendo feita pela
companhia aérea AZUL, que pintou o nariz da sua aeronave com o desenho do
capacete do meu querido piloto.
Os
anos se passaram depois que Ayrton foi embora, mas eu, o Brasil e o mundo,
continuamos a sentir a falta do gênio brasileiro de fórmula 1. 1º de maio de
1994 foi o dia em que assisti minha última corrida de fórmula 1. Ayrton Senna
foi embora, mas eu continuo aqui como
boa espectadora que sou, preferindo lembrar dos meus domingos azuis, eu
acordava para ver Ayrton Senna ganhar uma corrida e tudo era azul e lindo. Hoje
tudo é lembrança e saudade, Ayrton vive em nossa memória, e nosso primeiro de
maio ganhou outro significado. O dia de Ayrton Senna.
1 de maio de 2014
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