AMPARO 2017: A LAVAGEM QUE NÃO ACONTECEU
Neste domingo
dia 29 aconteceu mais uma lavagem do Amparo. Esta é uma manifestação cultural
que envolve religiões diversas bem como as práticas culturais da cidade e de
seu entorno. A Lavagem do Amparo inicia
os festejos da Padroeira que se encerram no dia 08 de novembro com a procissão
que arrasta uma multidão.
A Lavagem reúne
católicos, candomblecistas e praticantes da cultura viva, os quais garantem a diversidade cultural aliada à
religiosidade entre um povo que se divide em múltiplas crenças. Nossa Senhora do
Amparo, padroeira de Valença é cultuada por uma imensidão de católicos e
respeitada por outra multidão de pessoas que comungam de religiões de matrizes
africanas e espiritualistas. Todos sem preconceito ou intolerância caminham
pelas ruas de Valença rumo à colina sagrada, todos os anos, desde o dia da
lavagem até o término dos festejos.
A caminhada que
havia sido desviada do percurso natural o ano passado, retornou ao seu caminho
antigo este ano, as baianas estavam lindas com suas flores brancas nas
quartinhas carregadas com água de cheiro, os festejantes se misturavam a elas e
nem se importavam com o sol bastante quente no meio da manhã. Crianças vestidas
de branco carregavam flores, e pessoas de credos diferenciados acompanhavam o
cortejo com uma felicidade que transparecia sob o calor do sol através do brilho nos seus sorrisos.
Esse ano em
especial, ficamos felizes, porque em cerca de dez anos, pela primeira vez,
vimos os representantes das matrizes africanas fazerem suas orações na escadaria
da Igreja, com muita paz e carregados de fé e respeito pela santa padroeira. O
contraste foi bonito, pois nos anos anteriores os representantes dos Terreiros
se esqueceram de orar para fazer discursos inflamados contra políticos e/ ou os
próprios políticos fazendo seus discursos enfadonhos. Esse encontro cultural na
escadaria da igreja, neste ano, foi isento dessas falas, contudo, não aconteceu
a Lavagem propriamente dita, o porquê? Não sabemos. Segundo alguns
representantes das Matrizes Africanas, um religioso da Igreja, não deixou que
essa fosse realizada. Uma pena, Lavagem sem Lavagem não tem graça.
Na parte das
manifestações culturais estava tudo em ordem, a capoeira de sempre animando os fieis com sua bela apresentação,
até surgiu uma nova participação cultural, um Zambiapunga esquisito, usando
roupas de chita e máscaras do filme Pânico. Não entendemos muito, mas, tudo
bem.
Na categoria
diversão, observamos a participação de dois deputados golpistas, meio
envergonhados de olhar para o povo que eles orgulhosamente prejudicaram, ou quem
sabe com o cinismo de quem tem certeza que o povo tem memória curta e votará
neles outra vez. É claro que o povo deu
de presente para um deles, uma bonita vaia.
A Lavagem do
Amparo é uma manifestação de décadas, iniciada pela Yalorixá “Mãe Mira”,
abraçada pelo Babalorixá “Pai João”. Foi e é sempre uma caminhada linda, uma
manifestação de fé encantadora e uma cultura que continuará seguindo e sendo
passada de geração para geração.
G A L E R I A DE F O T O S
G A L E R I A DE F O T O S
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