FLORESTA DEBAIXO DO MAR: o que é a verdade para o ser humano?
O espetáculo “Floresta debaixo do mar”, escrito para
homenagear o ator suicida Patrick Deware e de autoria da dramaturga grega
Chrisitna Kiryazidi, passou por Valença dando oportunidade aos espectadores
locais de assistir ao trabalho de muita qualidade e de cunho cultural histórico
por se tratar de uma especie de biografia noir de um ator francês cheio de
altos e baixos o qual acabou dando fim a
própria vida sem que ninguem descobrissse jamais o real motivo do desatino.
O espetáculo “Floresta debaixo do mar” é um trabalho
feito com um olhar pós dramático, utilizando-se de performances variadas, como narrativas, cinema,
repetição textual e pausas dramáticas que
enriquecem a discussão de um tema tão profundo que é a escuridão do ser humano
na busca da resolução de seus problemas mais íntimos e que às vezes o leva desfechos
fatais como aconteceu com Patric Deware em 1982 na França.
No texto de Chrisitna Kiryazidi se observa uma reflexão
sobre verdades e mitos e ao mesmo tempo, o jogo de conquista entre a aprendiz e
o professor, tudo isso de forma a projetar
realidade e devaneios, inclusive misturando fala ao vivo com dublagem para
evidenciara narrativa cinematografica. A sedução é um dos jogos mais fortes na cena permeia o espetáculo
circundado pelo forma de luz, sombras
que demonstra o clima de incerteza que paira no ar entre as personagens quando
estas não estão um pouquinho inclinadas ao método Brechtiniano com suas
narrativas em segundo plano.
Em geral o espetáculo é muito bom. A intenção de mostrar
para o público a história de um artista desconhecido para a população baiana foi
excelente, e a metodologia de trabalho da diretora Paula Alice lembra um pouco o
trabalho do diretor valenciano Juliano Britto em a Órfã do Rei, texto também de
um escritor estrangeiro e que circulou na Bahia por esse mesmo edital de circulação. Coincidências
boas devem ser lembradas.
A unica coisa que não gostei nesse espetáculo foi a parca
presença de público, acredito porém que isso se deve a divulgação precária. E que
fique a lição, não basta visitar escolas nem colocar um carro de som nas ruas,
é preciso publicisar mesmo. E os órgãos de divulgação estão aí em massa. No
mais, nos resta parabenizar ao elenco e direção de “Floresta debaixo do mar” e
esperar por outros projetos de qualidade. A cultura não pode parar!
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