EU, E O ZECA BALEIRO
Existem
coisas na vida que fazem você se abalar e tomar atitudes que raramente tomaria.
Estou falando de mim. Dia 30 de outubro, me enchi de coragem entrei numa lancha e parti rumo ao Morro de São Paulo.
Quem me encorajou a fazer tal viagem pela agua, já que tenho certo medo dela? O
Zeca Baleiro, é claro! Depois de vinte
anos sem entrar na vila do Morro, logo
fiquei encantada com os avanços que a ilha sofreu, como mudou, as calçadas num padrão
internacional, as lojas lindas, não vejo vitrines com tanta beleza nem na
capital, exceto nos shoppings, tudo tão bonito! A praça me lembrou uma cidade
baiana bem próxima a Salvador. É tanta
boniteza na vila, e nas descidas rumo as
praias. Parecia que estava bem longe da Bahia, uma turista dentro da própria
casa.
Mas, deixando o encantamento um pouquinho de
lado, fui ao Morro pra ver o Zeca Baleiro, minha primeira vez no Festival, para
coroar minha noite só faltava me encontrar cara a cara com o Zeca, mas isso
estava díficil, então resolvi ficar no meio do povão, bem em frente ao palco.
Antes havia ficado paradinha ali na porta do hotel onde o Zeca descansou, mas
não sabia que ele ficaria ali, estava apenas aguardando minha turma que havia
saído eu prometi que não sairia dali. De repente a vendedora ambulante falou “Esse
não é o cantor?” nos viramos para vê-lo não deu mais tempo ele entrou muito
rápido, só me restava mesmo aguardá-lo no meio da multidão.
Minha
turma chegou e fomos para a frente do palco, muita gente jovem para ver o
Baleiro e eu ali mais uma vez, no meio deles a espera do artista que compõe e canta
MPB como ninguém. Observei a imensa quantidade de jovens e adultos ali presentes,
afinal a música não tem fronteira. O Zeca demorou e o público cantava para sí o
refrão “ eu tava triste tristinho, mais solitário que a top model magrela na
passarela a esperar pelo Zeca”.. de repente percebemos uma movimentação diferente
no palco, era o artista chegando e dizendo pra nós, “mas hoje eu recebi um telegrama,
era você aqui do Morro a me chamar, por isso negos sintam felizes, porque está
aqui, alguém que muito te ama....” Uau,
começou o lindo show regado a canções de MPB e rock in roll na medida. Muito calor
humano e muita diversão naquele momento.
Misturados
aquele público presente se encontravam
seguidores de vários shows, fãs
desorientados, que se pudessem voariam para cima do palco só para abraçar seu
ídolo. no meio de tantos fãs loucos o Zeca reconheceu uma jovem de mais de 20
anos e perguntou “Ô menina você está aqui? Seu pai sabe que você fugiu de casa?”
e ela emocianada falou “ele me chamou de ‘menina’, meu Deus como sou feliz” . Enquanto isso um senhor um pouco mais velho
se retorcia todo a gritar por uma canção e ganhou do Zeca uma paletinha de
tocar guitarra. Uma outra fã seguidora se lamentava por não ter conseguiu uma
boa foto dele, num show anterior. Logo à minha frente uma dupla de mãe e filha
se esgoelavam talvez para serem ouvidas
pelo Zeca, nos estranhamos um pouquinho mas tudo seguiu normal.
Um
pedido durante o show me chamou atenção o publico em maioria, e olha que tinha
gente pra não acabar mais, gritava “toca Raul” eu ali calada pensando, diabos,
o cara famoso, um dos maiores compositores da MPB e o povo gritando toca Raul! O
tempo ia passando e eles insistindo naquele grito, eu na frente juntamente com
outro grande grupo e aquele fã desesperado, o que ganhou a paletinha,
gritávamos por “Lenha”. O Zeca saiu e não cantou, a plateia enlouqueceu pedindo
sua volta. E ele voltou cantando “Lenha” pro meu deleite. E logo depois o Zeca
recita: “Mal eu subo no palco Um mala um maluco já grita de lá -Toca raul! A
vontade que me dá é de mandar O cara tomar naquele lugar Mas aí eu paro penso e
reflito como é poderoso esse raulzito Puxa vida esse cara é mesmo um mito”.
Era a canção “Toca Raul” um rock pra lá de bom, e eu não conhecia. Que lástima,
os jovens sabiam de “Toca Raul e não, será que estou ficando velha? Dizem que quem gosta de rock não envelhece, então
estou jovem.
Infelizmente
o show acabou e aquele público frenético se dispersou, voltei pro antigo lugar
querendo ver o Zeca voltar para o hotel, vi todos os músicos mas ele se
camuflou, a galera que esperava junto comigo ficou a ver as areias à nossa
frente. Se demorasse mais um pouco o dia amanheceria comigo na praia, então
decidi ir descansar.
Pela manhã, hora de vir embora do Morro, partimos para o
pier, já encontramos de cara os músicos do Zeca, um deles perguntava a alguém
no telefone: “cadê o Zeca, nós nos perdemos dele?” descemos para o embarque e
quando chegamos lá quem eu encontro? O Zeca Baleiro! Me aproximei dele e cantei
“Eu tava triste, tristinho...” ele sorriu me deu um abraço, beijinhos na face e
fez umas fotos comigo e com os meus, foi tudo de bom. Logo depois vi o Zeca e
sua turma entrarem na lancha rumo ao Atracadouro, minutos após um helicóptero passava sobre o
Morro, somente um tempinho depois, caiu a ficha, era o Zeca Baleiro indo embora. Tchau Zeca, até um próximo encontro. Valeu Zeca! Valeu prefeito de
Cairu que me proporcionou esse encontro.
nov 2015
Comentários
Aqui o público começou a gritar "toca Raul" logo que o show começou rs